Quem é Jesus?
Podemos responder essa pergunta de mil maneiras, mas a melhor sem dúvida é partir do que ele mesmo afirma. Quem Jesus disse ser?
"[Sendo acusado, no julgamento] Mas Jesus permaneceu em silêncio. O sumo sacerdote lhe disse: “Exijo que você jure pelo Deus vivo: se você é o Cristo, o Filho de Deus, diga-nos”.
"Tu mesmo o disseste”, respondeu Jesus. “Mas eu digo a todos vós: Chegará o dia em que vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.”
Mateus 26:63-64 NVI
Jesus viveu afirmando ser o Cristo. Isso, "Cristo", é um título muito especial que quer dizer "Ungido" ou "Escolhido." Naquele contexto, conforme dito nas Escrituras, o Ungido era uma pessoa que viria da parte de Deus para resgatar Israel e reinar sobre o mundo todo, em justiça e paz perfeitas. Por isso, dizer ser o Cristo é o mesmo que dizer ser o Rei do universo inteiro, com toda autoridade possível.
Além disso, Jesus também afirmava ser o verdadeiro Filho de Deus que se tornou humano, e o Filho do homem (ou seja, o ser humano) que é tão íntimo e tão querido de Deus que recebe Dele toda autoridade. Dá pra perceber que são partes de uma mesma afirmação: Ele afirma que é o homem que é Rei sobre tudo porque é o Filho de Deus.
Aqui, já vemos diante de nós um dilema (ou melhor, um trilema) que um escritor inglês¹ demonstra muito bem, da seguinte forma:
Ou esse homem é um mentiroso, um enganador maligno;
Ou ele é um lunático, completamente sem noção da realidade;
Ou ele realmente é o Senhor, realmente é quem ele afirma ser.
Mas é melhor conhecê-lo um pouco melhor antes de partir para qualquer conclusão. Enfim, ele disse ser o rei do mundo, mas como agia na prática? Juntou um exército e derrubou Roma, ou então sozinho conseguiu vencer César?
Não. Ele de maneira alguma organizou uma revolução armada ou qualquer coisa do tipo. Pelo contrário, passou a maior parte do tempo falando e ensinando as Escrituras para a população das regiões por onde passava, e além disso, curava. Ele fez milagres e curas, e cidades inteiras viam o que fazia. Ao contrário do que alguém poderia esperar de um rei tão poderoso como ele disse que seria, ele simplesmente quis encontrar e curar pessoas muito doentes, dar visão a cegos, restaurar o movimento à paralíticos, e ensinar aos pobres, de um jeito simples, o que é viver de verdade. Pode parecer estranha essa atitude, mas diante do que ele diz não é. Ele diz ser o Filho eterno de Deus. Pra entender como isso se relaciona com a vida cheia de compaixão e bondade, é preciso olhar para cima e para trás: conhecer quem Deus é.
Deus nem sempre foi Criador. Afinal, Ele é Eterno, e existe desde muito antes de criar todas as coisas. Não, o que aprendemos com Jesus é que antes e mais importante do que ser criador, Deus é Pai de Jesus. Desde toda a eternidade, Deus Pai é Pai de Jesus, o gerou desde sempre, e Jesus é o Filho de Deus, e o Espírito Santo também procede dos dois. Assim, Deus em si mesmo é amor e doação: O Pai ama o Filho e tem prazer nele, e o Filho ama o Pai e se alegra em fazer a Sua vontade, e o Espírito ama ambos e ambos amam o Espírito. Com isso, vemos que antes de que qualquer coisa Deus é amor, porque o Pai ama o Filho, na comunhão do Espírito Santo.
Por isso, se Jesus é o Filho Amado de Deus, o que é mais natural que ele faça é justamente demonstrar compaixão com os necessitados, mostrando a bondade e o amor verdadeiro que Deus quer que os homens experimentem junto com Ele, que é amor. Ele está mostrando o ritmo da vida de Deus, amar e ser amado. Em outras palavras, Jesus cura porque ele ama de verdade, e ele ama de verdade porque ele é Deus, o Filho Amado, que conhece o amor genuíno. E ele cura e ensina para deixar claro que o maior prazer e maior dever do homem é amar a Deus e ao próximo, de acordo com os mandamentos das Escrituras, e assim ter comunhão com Deus, que criou todas as coisas para transbordar Seu amor. Por isso, não amar a Deus acima de todas as coisas é uma traição horrível e condenável. Tudo isso Jesus quer deixar explícito, em palavra e em atitude, como um rei guiando seu povo à justiça.
Vemos assim que Jesus disse ser o Rei, Filho de Deus, e agiu de modo coerente com o Deus que ele proclamava. Mas isso não agradou os líderes da época, que se sentiram ameaçados. Eram afirmações muito ousadas, e que têm grande impacto na vida de todo mundo. Por isso, aproveitando o sistema judiciário da época, acusaram Jesus de blasfêmia e de traição contra o império, usando diversas mentiras pra fazer o caso ser julgado. Como vimos há pouco, no tribunal Jesus não disse nada diante das acusações; calou. Todos sabiam que ele era inocente,² e quando levantaram a dúvida se ele realmente era o Cristo, ele simplesmente confirmou. A única afirmação que fez no julgamento foi de que "seu Reino não é desse mundo, não é um Reino defendido com luta"³. Assim, ele foi condenado à mesma morte dos ladrões, escravos e assassinos da época: a crucificação.
Mesmo assim, sentenciado à morte, não lutou por justiça nem levantou a voz. Seguiu e foi morto, pendurado na Cruz. Certamente foi honesto ao que ensinou.
Morreu e foi sepultado, mas ao terceiro dia ressuscitou, o que também é honesto ao que ensinou. Morreu de fato, mas Deus o fez voltar a viver, e assim ele foi falar com todos seus discípulos. Aliás, antes de ir ao julgamento ele já tinha dito que morreria e ressuscitaria, mas ninguém deu muita atenção até realmente acontecer. Foi chocante, mas foi real: carne e osso, palavra e ato, Jesus Cristo ressuscitou e passou ainda vários dias com os discípulos. Ele explicou que morreu não por fraqueza ou vergonha, mas justamente porque "Seu Reino não é desse mundo." Ele disse que se entregou assim, para ser traído e morto, para que, ao ser traído e morto pelos homens, Ele seja o salvador e perdoador de homens, traidores de Deus, que conhecendo-O se arrependem e confiam nEle e em Sua morte. Seu Reino não é desse mundo, que conquista e impõe governo nas pessoas com base na força. Ele é um Rei que criou e redimiu Seu próprio povo.
Finalmente, depois de explicar essas questões tão radicalmente transformadoras, Ele subiu ao céu para se assentar à direita do Pai (como Ele disse que faria, quando estava sendo julgado, lembra?) enquanto os Seus discípulos levam essa notícia – essa Maravilhosa Notícia de que Jesus Cristo é o Senhor, o Rei, e redime os que se arrependem e se sujeitam confiando e refletindo Seu amor – para toda tribo, raça e nação. Até quando for o momento determinado, em que Ele descerá finalmente para encerrar os reinos desse mundo e fazer novas todas as coisas, expulsando ao escuro eterno os traidores impenitentes, mas recebendo em Sua própria cidade o Seu povo amado, redimido, com quem estará para sempre.
Esse é Jesus Cristo, o Senhor, e assim Ele disse e fez.
Notas:
¹ “Estou tentando impedir que alguém repita a rematada tolice dita por muitos a seu respeito: “Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de ser Deus.” Essa é a única coisa que não devemos dizer. Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático – no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido — ou então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la. […] Agora, parece-me óbvio que Ele não era nem um lunático nem um demônio, consequentemente, por mais estranho, assustador e inacreditável que possa parecer, tenho que aceitar a ideia de que Ele era e é Deus.” (C. S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples)
² "Então Pilatos disse aos chefes dos sacerdotes e à multidão: "Não encontro motivo para acusar este homem""
Lucas 23:4 NVI
³ "Disse Jesus: “O meu Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os judeus me prendessem. Mas agora o meu Reino não é daqui”.
João 18:36 NVI
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