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Mostrando postagens de março, 2021

ALIMENTO PARA A MENTE, ou, quatro regras para ler bem | Lewis Carroll

  Café da manhã, jantar, chá. Em casos extremos, café da manhã, almoço, jantar, ceia e uma xícara de algo quente antes de dormir. Que cuidado nós temos em alimentar nosso sortudo corpo! Quem entre nós faz o mesmo por sua mente? Qual a causa da diferença? Será o corpo tão mais importante entre os dois?   De modo algum , mas a vida depende do corpo ser alimentado, enquanto podemos continuar a existir como animais (dificilmente como humanos) ainda que a mente seja completamente negligenciada e esteja faminta. Assim, a Natureza garante que, em caso de uma negligência séria do corpo, consequências tão terríveis de desconforto e dor irão conduzir-nos logo de volta ao senso de dever; e algumas das funções necessárias à vida ela faz por nós sozinha, deixando-nos sem escolha no assunto. Seria algo péssimo para muitos de nós se fossemos deixados no controle da nossa própria digestão e circulação.   ‘Minha nossa!’ se o uviria o grito, ‘Eu esqueci de dar partida no meu coração essa manhã! E pensar

A Grande Jornada, de John MacDuff | Tradução

  Uma família chorando enquanto vê o menor filho da casa avançar pelo caminho em direção à maior jornada do mundo: "Uma peregrinação pelo Vale das Lágrimas até o Monte Sião, a cidade do Deus Vivo". É com esta cena que começa esta alegoria de John MacDuff, escrita no mesmo gênero do famoso clássico "O Peregrino" de John Bunyan. Abaixo se encontram os dois primeiros capítulos da obra, que traduzi e disponibilizo aqui gratuitamente.   --   A Grande Jornada Uma peregrinação pelo Vale das Lágrimas  até o Monte Sião, a cidade do Deus vivo.   De John MacDuff, 1855. Tradução de Pedro H. Lima. "E falou-lhes muitas coisas por meio de parábolas ." Mateus 13:3 CAPÍTULO 1   Enquanto eu caminhava pela Estrada do Tempo, cheguei a um novo marco; e estando cansado por causa da minha jornada, "lá deitei-me para dormir; e, enquanto dormia, tive um sonho."-- O Peregrino.   Pensei que via uma casa, situada sozinha em um dos vales isolados do mundo. Em frente às sua

Encontrando o Flautista nos Portões da Alvorada | Edificação Literária

    “O Vento nos Salgueiros”, de Kenneth Grahame, é um clássico da literatura infantil britânica, e deveria ser um clássico infantil do mundo todo. É sobre alguns amigos animais e suas aventuras, tudo bem simples, que ora são hilárias e empolgantes, ora reflexivas e profundas. Aqui quero falar de um capítulo desses reflexivos: “O Flautista nos Portões da Alvorada”.   Esse, que é o sétimo capítulo do livro, traz um retrato muito vívido de transcendência e encanto, coisas que fazem muita falta na nossa visão de mundo moderna. Ou seja, temos muito a aprender sobre glória com uma Toupeira, um Rato, e o que eles viram em uma aventura noturna.   Por isso, vou gastar as próximas linhas resumindo a ação do capítulo, e logo em seguida tentarei ilustrar algumas formas em que esse episódio me edificou. Perdidos na Madrugada   O que inicia a movimentação dos protagonistas é uma situação angustiante: o filho de um amigo, uma Lontra filhote, desapareceu há algum tempo. Eles temem o que pode ac