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A Palavra é o espelho do Homem

23. Pois se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante a um homem que contempla no espelho o seu rosto natural;
24. porque se contempla a si mesmo e vai-se, e logo se esquece de como era. (Tg 1)

 Nessa parte do capítulo o apóstolo Tiago está falando sobre maneiras de reagir à Palavra do Evangelho. Aqui especificamente está falando sobre o modo errado de reagir ao Evangelho, e é isso que veremos agora.
 A imagem que o apóstolo usa aqui pra mostrar o erro de quem ouve a palavra mas não guarda-a é o de um homem vendo um espelho:

É semelhante a um homem que contempla no espelho seu rosto natural

 Que comparação perfeita! O evangelho é como um espelho que mostra o rosto verdadeiro do homem; não o rosto que o homem pensa ter, não a beleza que imagina possuir, nem aquelas máscaras com as quais ele se apresenta aos outros; não, a Palavra mostra ao homem seu verdadeiro eu, seu estado natural.
 Quem ouve a pregação do verdadeiro evangelho deve sentir-se vendo a si mesmo, observando sua própria feiúra num espelho! Notando cada uma de suas rugas de delitos e pecados; o evangelho verdadeiro aponta a realidade que o homem naturalmente se encontra (que, diga-se de passagem, não é nada boa).
 Essa palavra não é dirigida simplesmente às multidões, não é impessoal, pelo contrário: cada indivíduo precisa contemplar-se a si mesmo despido de suas "justificativas," como se elas fossem maquiagens que escondessem seus defeitos; toda maquiagem sai com água, muito mais a justificativa humana diante da água da Palavra. A imagem que o apóstolo traz é a de "um homem" que se contempla: essa mensagem compete à cada um, é pessoal e íntima.
 Diz bem o Grupo Logos: "O evangelho é que desvenda os nossos olhos."

Porque se contempla a si mesmo e vai-se, e logo se esquece de como era.

 De fato, o homem que ouve o evangelho não contempla a mais ninguém senão a si mesmo. Porém, não podemos esquecer que aqui está em questão o homem que não pratica a Palavra. Ele realmente se vê, contempla sua verdadeira face, com todo seu horror de impureza e pecado; ele pode perceber, ainda que por um só momento, seu desespero diante da sua situação.
 Porém vai-se, e logo esquece de como era pois não pratica; nunca chega diante de Deus e confessa o que percebeu em si; ele vê, mas se faz indiferente depois de um tempo, logo se esquece de como era.     Ele não procura a solução para aquilo que viu.
 Infelizmente essa é uma reação que enfrentamos ao pregar o evangelho. Muitos dos que ouvem não se arrependem da própria face, porém isso é normal. O que não é normal é você ser assim! Você, sinceramente, tem vergonha do seu rosto diante de Deus? Será que você chegou diante de Deus, não escondendo o rosto, mas mostrando-o com honestidade àquEle que já te conhece, se rasgando e clamando "–Sê propício a mim!"? Ah meu irmão, tu podes ver teu rosto verdadeiro por um momento e logo esquecer-te dele, mas o Senhor Deus contempla a tua face todos os dias da tua vida... e Ele não se esquece! Não adianta se esconder nem se cobrir, venha sincero a Cristo que Ele tem a solução pra tua feiúra: a beleza dEle. Se não tens coragem pra dizer a Deus "–Eu sou bonito, só estou desarrumado," ou outra desculpa do tipo, se queres confessar "–Meu Senhor, que horror de pecado que sou!", confesse e farás bem! Pra isso Cristo morreu, verteu a beleza de Sua santidade para cobrir-te nela!
 Não esqueças, meu irmão, do teu rosto!
 Lembra-te de quem és – pobre pecador! – e confia somente em Cristo, derrama-te diante dEle porque     Ele conhece tua feiúra, mas está disposto a salvar-te mediante a tua confiança nEle como suficiente em  teu lugar!
 Sê sincero com Deus, e Ele te transformará!

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